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Autor: Lev Tolstói
Lit. Russa / Clássico / Novela / 1001 Livros
Editora: 34
Páginas: 96
Ano: 2006
Ano de Publicação Original: 1886
A morte de Ivan Ilitch foi a terceira novela que li de Tolstói e, sem dúvidas, a mais impressionante. O autor surpreende não só pelo texto irretocável, mas por conseguir ser tão atual quanto se o tivesse escrito hoje.
Não é surpresa para ninguém que Ivan Ilitch morre. Está ali no título, está na primeira página da novela. Começamos com a notícia de sua morte e só depois passamos a conhece-lo, a saber o que fazia, quem era e como vivia.
Ivan era um juiz de instrução que, ao receber um bom cargo, termina tendo uma vida confortável. Viveu para o trabalho, para o sistema corrupto que lhe empregou, foi infeliz no casamento e vivia cercado de pessoas interesseiras, os ditos amigos. Até que, certo dia, uma doença lhe atinge e daí para frente ele só piora.
Tolstói alfineta não só o sistema judiciário russo da época, como também as relações de falsa amizade dos colegas de trabalho, que fingem ser amigos, mas na verdade estão de olho no cargo e na vida um do outro. Quão atual não é isso?
Ivan se vê sozinho, abandonado, despedaçado, enquanto o mundo ao seu redor continua a girar sem sua presença, ou melhor, sem se importar com sua ausência. Tolstói nos choca, sem piedade. Faz-nos ouvir os gritos e o silêncio de quem sabe que está morrendo, faz-nos sentir na pele o arrependimento de não ter cultivado melhores amizades, de não ter dado a devida atenção a quem merecia.
Tolstói nos mostra também como tratamos a morte com artificialidade. Não sabemos lidar com a morte. Não sabemos lidar com quem está morrendo. Mente-se. Finge-se.
E ainda que eu lhes diga todos os temas tratados, não há como ter noção da dimensão desse texto. É quase inacreditável que alguém o tenha escrito de tão sensacional. Você se vê triste pelo enredo e pela dor de quem morre, mas estupefato pela narrativa grandiosa. Não importa quantas páginas tem, A morte de Ivan Ilitch é monumental.
* Está na lista dos “1001 livros para ler antes de morrer” (Clique aqui para ver mais sobre o Projeto 1001 livros e as resenhas já feitas da lista)
Comprar:
Sinopse: Esta obra mostra a história de um burocrata medíocre, Ivan Ilitch, um juiz respeitado que depois de conseguir uma oferta para ser juiz em uma outra cidade, compra um apartamento lá, para ele, sua mulher, sua filha e seu filho morarem. Ao ir para o apartamento, antes de todos, para decorá-lo, ele cai e se machuca na região do rim, dando início à uma doença.
Ainda não li nenhum livro de Tolstói… Amei sua resenha
Beijos
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Vale muito a pena! Uma dica é começar pelas novelas ;)) Espero que goste!
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Puxa obrigada pela dica! Então começarei pelas novelas!
Adorei seu blog
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Parabéns pelo blog. Já consegui excelentes dicas a partir de suas valiosas resenhas que, por sinal, já observo desde o painel da Amazon.
Tolstói é meu autor predileto. Acho até desnecessário falar sobre o autor e o poder de suas palavras. Quanto ao livro….bom, simplesmente mudou minha vida. A partir dele comecei a compreender – ainda de forma rudimentar – a essência do pensamento filosófico – quiçá religioso. Afinal, a consciência da nossa finitude é algo que nos leva a mais profunda reflexão. Nenhum livro – ao menos no meu conhecimento – supera essa obra-prima em descrever a angústia diante do fim.
Quem quiser se enredar um pouco mais sobre a temática com uma matiz mais filosófica – e inicial – sugiro ler “Aprender a Viver” de Luc Ferry, especialmente os capítulos iniciais. Para conhecimento do pensamento do autor, fica a seguinte dica: “Os Últimos dias”, especialmente o texto “O que é a arte?”. Eterno Tolstói!
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Lerei em breve. Adorei seu texto!
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Olá, Caroline.
Li o livro recentemente e também achei fantástico! Só mesmo Tolstói pra escrever uma obra-prima partindo de um tema tão complicado.
Parabéns pela resenha!
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Obrigada! :))
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Li A morte de Ivan Ilitch a partir de um comentário do José Monir Nasser que mencionou o padre e mesmo nome que criticou o ensino e foi defensor de “nenhum ensino” por pensar que ensino não substitui educação .
Ao contrário da sua resenha, o livro não me tocou. Reconheço a exuberância do Tolstoi mas nesse particular não me senti identificado. Não pense que sou pessimista, apenas não gostei do livro. Fazer o quê ?
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